FILOSOFIA

Onde está o sábio? Onde o escriba? Onde o questionador deste século? Porventura não tornou Deus louca a sabedoria deste mundo? 1 Coríntios 1:20.

Ninguém se engane a si mesmo; se alguém dentre vós se tem por sábio neste mundo, faça-se louco para se tornar sábio. Porque a sabedoria deste mundo é loucura diante de Deus; pois está escrito: Ele apanha os sábios na sua própria astúcia; 1 Coríntios 3:18-19.

Tendo cuidado para que ninguém vos faça presa sua, por meio de filosofias e vãs sutilezas, segundo a tradição dos homens, segundo os rudimentos do mundo, e não segundo Cristo. Colossenses 2:8.

Ou aceitas tu as afirmações vazias e sem sentido dos filósofos orgulhosos, dos quais, alguns disseram que Deus era fogo (invocam como Deus àquilo ao qual irão eles mesmos), e outros água, e outros algum outro dos elementos que foram criados por Deus? E, pese a tudo, se alguma destas afirmações é digna de aceitação, qualquer outra coisa criada poderia o mesmo ser feita Deus. Sim, tudo isto é charlatanearia e engano dos magos; e nenhum homem viu ou reconhecido a Deus, senão que O se revelou a si mesmo. Epístola a Diogneto (125-200 d.C.)

(Justino explica como foi passando por diversas escolas filosóficas em procura da sabedoria, mas nenhuma lhe satisfez). Não tratam de Deus, replicou-me, os filósofos em todos seus discursos e não versam suas disputas sobre sua unicidade e providência? E não é objeto da filosofia pesquisar a respeito de Deus?, Certamente, disse-lhe, e essa é também minha opinião; mas a maioria dos filósofos nem se propõem sequer o problema de se há um só Deus ou muitos, nem se tem ou não providência de cada um de nós, pois opinam que semelhante conhecimento não contribui para nada a nossa felicidade. Justino Mártir (160 d.C.)

No entanto, que é em realidade (a filosofia) e por que foi enviada aos homens, é algo que escapa à maioria da gente; pois sendo uma ciência única, não teria Platãoicos, nem estóicos, nem peripatéticos, nem teóricos, nem pitagóricos. Justino Mártir (160 d.C.)

Depois, és amigo da idéia e não da ação e da verdade? Como não tratas de ser mais bem um homem prático e não sofista? Justino Mártir (160 d.C.)

Existiram faz muito tempo, contestou-me o velho, uns homens mais antigos que todos estes tidos por filósofos; homens abençoados, justos e amigos de Deus, que falaram por inspiração divina; e divinamente inspirados predisseram o porvir, o que justamente se está cumprindo agora: são os chamados profetas. Justino Mártir (160 d.C.) Estes são os que viram e anunciaram a verdade aos homens, sem temer nem adular a ninguém, sem deixar-se vencer pela vangloria; senão que, cheios do Espírito Santo, só disseram o que viram e ouviram. Seus escritos se conservam ainda e quem os leia e lhes preste fé, pode sacar o maior proveito nas questões dos princípios e fim das coisas e, em general, sobre aquilo que um filósofo deve saber. Justino Mártir (160 d.C.)

No entanto, imediatamente senti que se acendia um fogo em minha alma e se apoderava de mim o amor aos profetas e àqueles homens que são amigos de Cristo e, reflexionando sobre os raciocínios do ancião, achei que esta só é a filosofia segura e proveitosa. Justino Mártir (160 d.C.)

Deste modo, e por estes motivos, eu sou filósofo, e quisesse que todos os homens, pondo o mesmo fervor que eu, seguissem os ensinos do Salvador. Justino Mártir (160 d.C.)

Quando falo de filosofia, não me refiro à estóica, ou à Platônica, ou à de Epicuro ou à de Aristóteles, senão que me refiro a tudo o que a cada uma destas escolas disse certamente ensinando a justiça com atitude científica e religiosa. Este conjunto eclético é o que eu chamo filosofia. Clemente de Alexandria (195 d.C.)

A gente comum, como os meninos que temem ao cuco. teme à filosofia grega por medo de ser extraviado por ela. No entanto, se a fé que têm, já que não me atrevo a chamá-la conhecimento, é tal que pode perder-se com argumentos, que se perca, pois com isto só já confessam que não têm a verdade. Porque a verdade é invencível: as falsas opiniões são as que se perdem. Clemente de Alexandria (195 d.C.)

E ainda é possível que a filosofia fora dada diretamente (por Deus) aos gregos antes que o Senhor os chamasse: porque era um maestro para conduzir aos gregos a Cristo, como a lei o foi para os hebreus. Clemente de Alexandria (195 d.C.)

A filosofia é uma preparação que põe em caminho ao homem que tem de receber a perfeição por meio de Cristo... Não há nada de estranho no fato de que a filosofia seja um dom da divina providência, como propedêutica para a perfeição que se atinge por Cristo, com a condição que não se envergonhe da sabedoria bárbara, da que a filosofia tem de aprender a avançar para a verdade. Clemente de Alexandria (195 d.C.)

Ainda que a filosofia grega não chega a atingir a verdade em sua totalidade, e, ademais, não tem em si força para cumprir o mandamento do Senhor, no entanto, prepara ao menos o caminho para aquele ensino que é verdadeiramente real no melhor sentido da palavra, pois faz ao homem capaz de dominar-se, molda seu caráter e o predispõe para a aceitação da verdade. Clemente de Alexandria (195 d.C.)

Fique-se para Atenas esta sabedoria humana (a filosofia), manipulador e adulteradora da verdade, por onde anda a múltipla diversidade de seitas contraditórias entre si com suas diversas heresias. Mas, que tem que ver Atenas com Jerusalém? Que relação há entre a Academia e a igreja? Que têm que ver os hereges e os cristãos? Tertuliano (197 d.C.)

Tudo isto são doutrinas humanas e demoníacas, nascidas da especulação da sabedoria mundana, para agradar aos ouvidos. Mas o Senhor as chamou necedade, e elegeu o néscio segundo o mundo para confundir à mesma filosofia. Porque a filosofia é o objeto da sabedoria mundana, intérprete temerária do ser e dos desígnios de Deus. Todas as heresias em último termo têm sua origem na filosofia. Tertuliano (197 d.C.)

Que semelhança têm o filósofo e o cristão? O discípulo de Grécia e o do céu? o tratante da fama, e o negociador da vida eterna? O que trabalha com os ditos, e o que trabalha com os Atos? O que destrói a inocência da vida e o que a edifica? O amigo do erro e o inimigo da mentira? O que perto da verdade e o que a conserva inteira? O que a furta para violá-la, e o que a defende pura? Tertuliano (197 d.C.)

Quem dos poetas, quem dos sofistas deixou de beber um pouco de a fonte pura dos profetas? Tertuliano (197 d.C.)

Nós condenamos a arrogância dos filósofos, a quem conhecemos como corruptos, adúlteros e tiranos e sempre eloqüentes contra seus próprios vícios. Marco Minucio Félix (200 d.C.)

Os filósofos pagãos não deixaram nenhum preceito sobre a virtude da humanidade. Animados por uma espécie de falsa virtude, excluíram do ser humano a misericórdia, com o que aumentaram a miséria do homem que pretendiam sanar. Lactâncio (304-313 d.C.)

Falando daquele que ensina os fundamentos da vida e molda a vida de outros, faço a pergunta: ‘Não é necessário que ele mesmo viva de acordo com os fundamentos que ensina?’ Se não vive de acordo com o que ensina, seu ensino resulta nula… Seu aluno lhe contestará assim: ‘Não posso fazer o que você me ensina, porque é impossível. Ensina-me a não me enojar. Ensina-me a não cobiçar. Ensina-me a não luxuriar. Ensina-me a não temer o sofrimento e a morte. Mas tudo isto está muito contrário à natureza. Todos os homens sentem estes desejos. Se você está convicto de que é possível viver contrário aos desejos naturais, primeiro permita-me ver seu exemplo para que eu saiba que em verdade é possível.’…Como poderá [o maestro] tirar este pretexto dos obstinados, a não ser com seu exemplo? Só assim poderão seus alunos ver com seus próprios olhos que o que ensina é em verdade possível. É por isso mesmo que ninguém vive de acordo com os ensinos dos filósofos. Os homens preferem o exemplo a só palavras, porque fácil é falar, mas difícil atuar. Lactâncio (304-313 d.C.)

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